Ibovespa cai e perde os 127 mil pontos; dólar se aproxima de R$ 6 enquanto mercado avalia pacote fiscal do governo
- Gisele Batista
- 28 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Com feriado nos EUA, investidores analisam impacto das medidas econômicas anunciadas e aguardam mais detalhes.
O Ibovespa operava em queda na manhã desta quinta-feira, impactado pela recepção negativa ao pacote de contenção de gastos anunciado pelo governo federal. O plano, que prevê uma economia de 70 bilhões de reais nos próximos dois anos, foi recebido com ceticismo pelos agentes do mercado.

Paralelamente, o governo revelou mudanças no imposto de renda, aumentando a faixa de isenção para rendimentos de até 5 mil reais. Para compensar parcialmente essa medida, será implementada uma taxação mínima de 10% sobre rendimentos superiores a 50 mil reais mensais, incluindo aluguéis e dividendos.
Às 10h30, o Ibovespa recuava 0,8%, sendo negociado a 126.678,81 pontos, em um pregão com liquidez reduzida devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos.
De acordo com Flavio Conde, analista da Levante Investimentos, o pacote foi "desanimador", já que não apresentou cortes efetivos de despesas. Conde destacou o impacto fiscal da isenção de IR para quem ganha até 5 mil reais, que pode gerar uma renúncia de 35 bilhões a 40 bilhões de reais por ano. Ele também expressou dúvidas sobre a viabilidade das medidas compensatórias apresentadas pelo governo, que, segundo ele, justificam a postura defensiva adotada pelo mercado.
Leonel Mattos, analista da StoneX, observou que o atraso na divulgação das medidas havia elevado as expectativas dos investidores, mas o anúncio acabou frustrando essas projeções.
Na manhã desta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que o Congresso terá tempo para avaliar a reforma tributária da renda, cuja aplicação está prevista para 2026, caso aprovada no próximo ano. Haddad também mencionou que, como alternativa de compensação, a isenção de imposto de renda por motivos de saúde será limitada a rendas de até 20 mil reais.
Na bolsa, empresas exportadoras ou com forte exposição ao mercado externo registravam ganhos, beneficiadas pela alta do dólar, que chegou a superar 5,98 reais. Entre os destaques positivos estavam Suzano, JBS, Klabin, Ambev e Vale, com valorização entre 0,5% e 1,9%.
Por outro lado, companhias ligadas à economia doméstica e mais sensíveis a juros e câmbio sofreram quedas expressivas. O setor de construção de alto padrão, varejo e consumo foi especialmente impactado pelas medidas anunciadas no pacote do governo. Eztec liderava as perdas, com queda de 5,5%, seguida por Cyrela, Azzas, Lojas Renner e MRV, que registravam recuos entre 4% e 5%.
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